25 de outubro de 2012

Dos dois

Mãos calejadas e maxilar recortado
de trabalhar
na luta pouco aceita
a mandíbula que se reteve
e a graça numa curva do lábio
vermelho batom
das bochechas, saem-lhe fios
-que absurdo!
mas achava viril
-ao menos esconda!
mas achava viril
-raspe! corte! finja!

As unhas sem cor
(não era mulher vaidosa)
e quando olhava no espelho
não sentia pressão
por qualquer coisa que fosse
mas por achar bela
a combinação proibida
de fortes braços e sexo
e delicado gestuário a manipulá-los.

24 de outubro de 2012

Bela

Bárbara
não tardará

com brisa de novo amor
tomando a barba minha (em parte)
a palavra tua da mesa de bar
barbaridade conosco seria, mas
raridade é esta Bárbara!
ainda que fosse bárbara qualquer
seria brutal vê-lo bobo, babando
por Bárbara.
Basta!
Balbucio baixo: boa Bárbara,
gosto de ti mesmo sem poder.
Brado: boa bárbara,
venha depressa
bote pra bater coração,
baile
beije
é banal fingir:
beije!

bárbara
não tardará.

Calopsia

Tenho crença em mim:
e alimento a capacidade de amor
assim assim
mesmo assim
não é nada meu.
te vendo de lado, de longe
suas feições versus cenário
têm beleza todas as linhas
quando imitam suas linhas
e todas as cores nascem
da paleta da sua pele.

Me convenci:
é melhor o otimismo
que não.