E quando descansados e obesos, quando curiosos e instigados, andar. E ao andar, deixar a deglutição cujo alimento foi você. Devorado. Mas não, agora só andar. Andar, ver, tocar, saber, conhecer. As pedras, as paredes, as plantas e as vidas. O vento passar assobiando entre os vãos de seu corpo e junto dele levar o vapor, o cheiro e o pó. E tropeçar também. E ferir-se e correr. Mundo vasto mundo, deixe-se descobrir. Prostitua seus recursos brutalmente. E ferir.
Por fim, a fuga. Não a fuga do mundo, que seria absolutamente vã depois de ferido e sábio. Não a fuga de casa, que seria absolutamente estúpida depois de amado e alimentado. Por fim, a fuga de si. Momento de tirar aqueles restos grudados cuja proveniência nem se sabe. O vento deixou. O banho deixou. E você arranca vorazmente com as mãos, jogando longe. Pensar, gritar. Ler e ouvir e pensar. E ver! O mais bonito, o mais bruto e o mais pessoal dos lugares.
Em suma, três situações fundamentais. A formação diária do ser. Em suma, três razões pra não deixar que ninguém entre em mim. São três modos de compartimentar a vida. Três motivos. Somente três medos. As três coisas mais racionais que se tem. E são os três maiores obstáculos.
Poxa, Mari, que linda a síntese que você faz sobre crescer. Me lembra a mensagem contida em "O Mágico de Oz". É justamente isso aí que tá no teu texto. Crescer, viver, se permitir errar, sabendo que existe um suporte para a gente, com o qual a gente sempre pode contar, mas, ao mesmo tempo, devemos nos libertar dele. È confuso, mas é isso aí! :)
ResponderExcluirObrigada, Ka. É, e é necessário equilíbrio pra se largar sem largar demais, pra crescer sem crescer demais, pra ser sério sem ser sério demais, pra ser feliz sem ser feliz demais. É o maior desafio!
ResponderExcluirporra até aki vejo kamila ajudando a esclarecer um pouco mais daquilo que eu gosto... tava aki pensando, vou reler pra tentar entender melhor e vejo que a kamila já trouxe aqui as dicas a nos permitir uma releitura mais rica...
ResponderExcluirme senti totalmente burro e inábil no único segmento de arte que eu pensava ter alguma habilidade e justo em meu blog favorito.. rsrs
mas fazer o que? a vida é assim mesmo e embora não seja mac donald´s "amo mto tdo isso"
:p
Como assim até aqui? Vocês se conhecem?
ResponderExcluirDe qualquer forma, Nilo... agora você está bancando o estúpido. De onde tirou essa ideia que existe uma única e real interpretação pra tudo o que é feito? A da Ka foi uma, se prestar bem atenção a minha mesmo foi outra.
Pare de bobagem, porque você tem uma visão linda! E aproveite os coments pra expô-la!
Obrigada pelo 'blog favorito'.
Volte sempre! :)
vixe levei uma bronca feia aki.. rsrs
ResponderExcluirna verdade eu fiz uma primeira leitura mto rápida e não entendi mto bem o texto.. pensei "melhor parar e ler de novo aqui, viajei legal", mas dai antes disso vi o coment da kamila que dava algumas dicas de um caminho a seguir, depois percebi tbm que o próprio titulo ao qual eu não tinha dado mta atenção tbm dava, rsrs
não, longe de mim achar que só existiria uma visão correta, pra mim aquele que observa a obra de arte tbm a constrói e a ressignifica, sem dúvida... mas tbm acho que a critica tem seu papel, não dizendo o que é certo ou errado, mas trazendo novas leituras possíveis... assim por exemplo se vou a uma exposição de pintura vejo um quadro mas não conheço nada do autor ou da técnica terei uma impressão sobre a obra, e a minha visão de mundo, o meu sei lá "backgroun" vai influenciar nisso.... se alguem vem com um texto critico e me diz que o quadro significa isso, isso e isso pq a tecnica que ele usou era tal, e pq alguns simbolos remetem a infancia do pintor e etc... eu não preciso pegar o isso, isso e isso da conclusão da critica e fazer coro.. mas eu posso pegar aquelas informações, as informações sobre a tecnica, sobre a infancia do autor juntar com a minha visão de mundo com os meus simbolos e assim enriqueço digamos o meu campo de possibilidades interpretativas.. não acredito tanto em interpretação ou leitura correta ou errada não.. longe de mim.. prefiro uma visão um pouco mais pós moderna da arte.. rsrs :p
não lembro como conheci kamila.. capaz de ter chegado no blog dela pelo seu, não leio todas as criticas mas qdo vejo uma de um filme que eu vi ou penso em ver dou um pulinho lá e normalmente acho que as criticas delas sempre me trazerm uma informação nova ou uma ponderação que eu não tinha feito ainda...
ResponderExcluirinclusive já fui lá abusá-la pedindo pra fazer uma de biutiful, filme que eu consegui assistir e vivenciar mas não refleti mto. aquela coisa de ir ao cinema em grupo e depois acaba indo pra outro lugar, conversas, bebidas, e de repente pulei a fase de deglutir e absorver com um pouco mais de atenção o filme...
agora a minha leitura do seu texto ainda está em formação tbm.. rsrsrs nem depois de ler o seu coment ou o coment da kamila ou reler o texto com mais calma me trouxe uma luz total...
qual essa trindade que vc coloca no texto afinal? eu visualizei o aventurar-se - como um segundo movimento- viver, correr, ferir-se, sentir, experienciar...
o terceiro movimento eu li algo como um reciclar-se, reinventar-se, redefinir-se uma vez que após aventurar-se não se é mesmo o mesmo afinal.. a fuga de pedaços de si que não são mais vc- ou talvez possa incluir aqui tbm pedaços que VC decidiu que não devam mais fazer parte daquilo que quer ser...
agora se é que me aproximo de algum modo do que vc quis expressar a CASA permanece meio incognita pra mim... para algo que conforta, que acalenta, que dá a força necessária para o segundo movimento do aventurar-se.... mas o que seria essa casa não ficou claro pra mim..
enfim depois diz ai se isso faz algum sentido pra vc... e nisso ai eu ignorei essa coisa de os 3 medos que eu não vi como encaixar nessa minha leitura... a não ser se eu for pensar que cada um desses movimentos carregue consigo um medo especifico.. mas por ora fico pensando um pouco sobre a casa antes de jogar o medo no meio...
pronto, se tiver paciência de ler esse coment gigante aki e dizer o que acha, se faz sentido, o que seria a casa em sua opnião até agradeço.. rsrs
boa semana
:p
É, o Cinéfila Por Natureza é mesmo um ótimo blog! :D
ResponderExcluirQuanto a trindade, pra mim as três seriam 'casa', 'mundo' e 'eu alheio'.
Para a Ka, que viu as coisas numa ordem cronólogica, a casa é o lar mesmo, a infância, as opiniões dos pais, as coisas que você absorve deles sem pensar e tal.
Para mim é qualquer retorno... qualquer ponto zero que você possa voltar toda vez que, ferido e mais sábio, você quiser se recuperar e, quem sabe, tentar vê-la com outros olhos.
Volte sempre!