Quando o Sol,
ainda que em cinza discrição,
põe-se no céu enquadrado,
eis que as almas descansam a auto-ajuda.
Desistentes, apoiadas, sonâmbulas,
não almejam vida melhor,
mas apoio pras pernas:
só querem mesmo é chegar em casa.
Crianças meladas de doce,
sujo o uniforme bicromático
com os pés enfiados em meias coloridas
puxam seus pais melados de cremes
pelos corredores dum Pão-de-açúcar
Às oito, a cara num exercício de matemática
Oito e meia, a cara na tela.
Nove horas, a cara no travesseiro.
Carros não mais disputam os rios de concreto
Berrando luzes vermelhas e buzinas
Os mais abastados fingem que a noite é boa.
Os mais cansados fingem que a noite é útil
E os jovens gritam da cegueira alheia
fingindo que a noite é pra sempre.
Poxa, Mari, esse poema está pedindo para ser musicado. Adorei!
ResponderExcluirMinha nossa senhora!!! O que é esse final? genial demais. Tem que ser musicado mesmo.
ResponderExcluirParabéns, acho que dos poucos que li até agora esse é o melhor com sobras. Poesia em seu estado mais puro
Se habilita a musicar? Eu deixo, ahahah :)
ExcluirOpa, obrigada!
Sempre criativa e brilhante!!!
ExcluirBeijos