Da janela do cômodo sempre fechado,
assisto a chuva que cai
na casa que nunca foi minha
e agora é.
A chuva se adensando
e a cor dos móveis familiares
As gotas riscando em branco a paisagem que eu nunca vi
Um raio roxo arde
no quadro que a janela permite
Um cachorro late assustado, ouço:
é o meu velho cachorro latindo assustado.
O céu não se distingue dos prédios
do mesmo e único céu
cai a mesma e única chuva
que assisti de tantas janelas
A água tamborila sem ritmo,
desembestada corre pelo vidro.
Todo ano em meu aniversário
espero a chuva cair sobre o ano que passa
E é a única constância que conheço.
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