Me botaram no avião. Foi isso. Desculpa não te contar antes. A gente estava no meio daquela missão que te falei quando fomos avisados. De qualquer forma, eu não teria muito a dizer sobre nada e o que eu teria é breve e posso escrevê-lo. Sua falta, já sinto há meses de qualquer forma...
Não gastarei o pouco tempo e tinta que tenho (agora, exatamente 12 minutos pra arrumar minhas coisas) pra dizer os meus achares sobre isso como um todo: está em toda parte, mãe. A guerra grande é incontrolável. Quanto à minha missão, é relativamente pacífica: eles nos disseram que o que temos de destruir são coisas e só. Olha que bênção! A menos que pessoas se ponham na frente das casas, não é minha obrigação tocar um dedo sequer nelas. Não sabemos direito como será a reação dos outros ainda. Não é bom como estar de volta, mas isso já nem há mais.
Se tenho medo? Bastante. Tudo é incerto por aqui: os avisos não trazem avisos prévios, tem hora pra acordar e dormir e tem sempre o que fazer. Mesmo a mão tem sempre o que fazer: se não é pra trás, é pra frente ou na testa. E os pés estão sempre de acordo com elas: semi-abertos ou juntinhos. Tudo bem, estou reclamando porque não quero ir. É só isso. Tenho medo, mas passa.
Bom, estou a salvo, comendo bem, com saudade da minha boa caminha e da sua comida. Mande meus cumprimentos ao pai. Tenho que sair correndo, pois já me chamam, mas separei um trecho de uma canção daqui: "Por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra sem que volte para lá" e ele não há de permitir.
Te amo,
Guto.