6 de janeiro de 2015

constante

Da janela do cômodo sempre fechado,
assisto a chuva que cai
na casa que nunca foi minha
e agora é.

A chuva se adensando
e a cor dos móveis familiares
As gotas riscando em branco a paisagem que eu nunca vi

Um raio roxo arde
no quadro que a janela permite
Um cachorro late assustado, ouço:
é o meu velho cachorro latindo assustado.

O céu não se distingue dos prédios
do mesmo e único céu
cai a mesma e única chuva
que assisti de tantas janelas

A água tamborila sem ritmo,
desembestada corre pelo vidro.
Todo ano em meu aniversário
espero a chuva cair sobre o ano que passa

E é a única constância que conheço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário