18 de março de 2012

Essa rua

As ruas vazias refletem
Voltam sons e volta a luz
Entrando pelas janelas todas
das pessoas adormecidas
Não acordam.
E por que não acordam?
Estão mortas - espero!
(A dor seria menor)
Se não estão, não sentem
Não sentem e não pensam
e não falam
Para que as janelas se abrem?
Para quem?
Eles só dorme
Só morrem
e desintegram-se
Uma mão alheia e não-qualquer
Os corpos estão estirados
O sangue escorre pelas escadas
E nos vãos das portas
A rua enrubresce
Mas eles vivem, eu sei
Ouço batidas lentas de coração
E gritos excruciantes de dor
São muitos gritos homogeneamente
Dessa rua, dessa cidade
O mundo grita
tão mono-tonicamente
que vira silêncio.

(não sei a data. achei no fim d'um caderno.)

4 comentários:

  1. Belo poema, Mari! Maduro e muito coerente. Tem muito sentimento nessas linhas.

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  2. Hum, achei esse mais como um desabafo do que algo mais pensado em se fazer. Parece que você escreveu as frases conforme elas vinham a cabeça. Não sei se exatamente me agrada exatamente. Diria que aqui ainda estás tentando se encontrar e encontrar um estilo de como desabafar. O que é muito válido, mas sei lá, sinto que falta algo. ;)

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    1. É, esse foi bem mais livre, como um desabafo mesmo e eu não costumo escrever coisas "violentas", então destoa um pouco. No entanto, gosto MUITO do final dele ("O mundo grita/tão mono-tonicamente/que vira silêncio").

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