4 de fevereiro de 2010

Previsível

Desceu do ônibus pontualmente e se deparou com um jovem encostado na parede.

-Vinte pras sete.
-Mas eu não perguntei nada.
-Desculpe, senhor, é que você chega aqui sempre na mesma hora e faz sempre a mesma pergunta.
-Ei, não me chame de previsível!
-Previsível ninguém é, senhor, mas dá pra fazer uma média dos outros dias e concluir que o senh...
-Não diga asneiras! - esbravejou o senhor, brandindo a maleta de couro.
-Não quis ofendê-lo, senhor, apesar de saber que se ofenderia.
-Uau! Você me conhece tão bem, não é? - ironizou o homem - Vamos lá, espertinho, o que farei agora?
-Vai tentar me provar que não é previsível.
-Pare com isso! - reclamou nervoso
-Desculpe, senhor. Repito que não quis ofender, foi só um toque...
-Com licença, mas sou ocupado e tenho de trabalhar - disse enfatizando a última palavra, dando as costas ao garoto e pisando forte.
-Ei! Já pensou em faltar no trabalho e, sei lá, viajar pro Japão? Imagino que um homem muito ocupado tenha dinheiro pra isso, não é?
-Isso seria loucura!
-Eu sei. - falou abrindo um sorriso esperto - Bom trabalho!

* * *
O jovem encontrava-se lá parado novamente, quando o homem chegou sorrindo.
-Vinte para as sete, senhor!
-Não, seis e quarenta.

4 comentários:

  1. Sensacional esse também!

    Beijo,
    Kamila

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  2. ahhhh.. não tem vontade de esticar uma histórinha dessas não e escrever um conto maior?

    :p

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  3. Eu acho que essa já terminou o que queria dizer, mas quem sabe uma outra...

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