13 de fevereiro de 2011

O poeta

Veste-se com a mais grandiosa farda da soberania, os olhos sempre abaixo e o nariz erguido, você reserva uma parte da alma aos outros e entregando-a finge ofertar o todo. O fato, porém, é que volta a ser um bebê - e não de olhos enormes, mas um que o feche-os a chorar suplicando por algo - quando fala de seus pensamentos. É o que acontece toda vez que tenta ser superior a eles. Diminui-os. E todo pintor há de caber em sua pintura. Diminui-se. Um bebê que chora de olhos fechados. Suplica, achando-se correto, pois que pais - malvados! tiranos! - são esses que lhe negam o que você quer? Você suplica. Suplica aceitação. E pensa em como são geniais seus pensamentos. Só um bebê.
"Pra que tanta perna, meu deus, pergunta meu coração/Porém meus olhos/não perguntam nada." diz Drummond. Entende agora como ele cabe? Entende como não sabe? Percebe que os textos só são verdade por serem um não-saber infindo? Por isso é que todos se aplicam. Percebe? Escreva. Escreva agora o que sente e o que não sente. Escreva a verdade. Escreva sobre o que sabe e sobre o que não sabe. Escreva pois é o que pode a poesia sobre a ciência. Escreva! Escreva mais do que você e então se tornará mais. Então, crescerá, percebe? Crescerá pra ser um homem, bebê - um homem! Um homem livre de verdade.

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