13 de março de 2011

Daqui pra frente

E eu deitei. Um travesseiro pra fazer doer menos a mão e a coluna numa posição absolutamente desagradável. E eu deitei e ouvi todo meu passado que me perguntava "sabe?" ao fim de cada frase. Ah, e eu sabia. Só aceitava com a cabeça e ela falava e ela falava. E então eu falei meu futuro. Eu menti meu futuro. Eu nem mesmo sabia e repeti "e se? e se? e se?" A coluna doia mais. O escuro desbotou as cores. Se eu fosse escolher uma hora pra morrer não seria aquela. Havia tanto a ser dito e a tanto a ouvir. E dissemos e ouvimos. Só morreram partes, que desgastaram e voaram como pó. O medo tornou-se visível. Risível. A coluna me obrigou a trocar de posição. E eu concluí - e nós concluímos: eram necessários equilíbrio, paciência e coragem.

4 comentários:

  1. Não sei por quê, mas tenho a impressão de que esse texto é o final de um outro texto e que você suprimiu o começo, correto? Me parece que falta algo ainda nele...

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  2. Foi mais como se ele começasse com [...]
    Mas não tenho um começo. Pelo menos não ainda.

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  3. pra mim tá otimo assim, não sinto falta de começo nenhum não.. me soa como uma foto de um momento, e falta de um começo de repente até o ajuda a tender um pouco mais a algo universal, não tão ligado ao personagem - ou eu poetico- em si.

    mas enfim, como adoro o que vc escreve, se vc criasse um começo aposto que ficaria bem legal tbm.. rsrs

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  4. haha Foi uma foto mesmo. De um momento.
    E como toda foto, cabe um começo a mais ou um final a mais: a eternidade.
    Não pretendo escrever mais, apesar de saber que caberia.

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