15 de agosto de 2011

Saudosismo

Uma casa cheia de oportunidades a longo prazo, um prato que é uma tampa de plástico com brownie do Pão de Açúcar, a internet ainda; mas a vontade de fazer tudo ao mesmo tempo: assistir tv com cobertor e pipoca e universal channel, msn pra fingir companhia e refrigerante e meia-luz, ler na cama com o abajur e um copo de leite, saltar pela janela, pular o muro, sair pelo portão afora, cozinhar algo inusitado, nunca fiz pão aqui, e limpar. E limpar.
Tornar seca a pele debaixo do chuveiro quente, agora na luz forte - mas que ironia! que esse banheiro sempre foi escuro. Chamar o pai, me leva no shopping!, na casa da Nani!, me leva pra escola hoje por favor que eu 'tô cansada?, almoçar na casa da vó e voltar discutindo - a noite é quase madrugada pela cor, a barriga vai lotada e não se consegue adiar mais o percurso pela João Dias, mas se quer conversar e conversar.
A verdade é que quatro quilômetros pra cá ou pra lá não muda a distância quase. Muda o bairro, muda a facilidade, mas é tão pertinho; muda a vida, a casa, a rotina, a facilidade, mas é logo ali; muda que tem que esperar elevador e andar até o ponto, muda que tem clube, piscina, que o quarto é menor. Não importa: muda.
Uma saudosista cheia de oportunidades a longo prazo, mas que dispensa todas elas e cimenta a mente. A isso me resumo.

2 comentários:

  1. Adorei esse!!!!! Especialmente porque eu consigo te enxergar nesse poema! Ele é bem descritivo e as imagens que ele evoca vão logo pra nossa mente.

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  2. E bem verdadeiro...

    Obrigada, Ka! :D

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