8 de fevereiro de 2012

Pra eu lembrar pra sempre

De grande superfície de contato,
o cotidiano, a humanidade, a fácil, a falsa palavra
a poesia profana se deixa fazer

Que é a poesia que ergue as sobrancelhas,
derrama um sorriso paternal e diz cheia da razão
que a vida não é boa e ninguém é feliz
e que termina por comemorar a melancolia.

Filha da puta enganosa!

Bonita a foto da família (tons de sépia, uns tios mortos)
os abraços partidos lembrados (tons de sépia, uns tios mortos)
aquela nossa música (tons de sépia, uns tios mortos)
Brindemos à nostalgia!

Filha da puta enganosa!

As lembranças que montam o passado
são dum quebra-cabeças quebrado
que brada contra o cotidiano de hoje
romantizando o cotidiano de ontem

Filha da puta enganosa!

Quero mais é que venha a moça,
traga seu sorriso dor-de-rosa
me crave os espinhos e roce suas pétalas
e erga suas folhas num abraço

E que fique pro futuro, mas senão... (Filha da puta enganosa!)

...que pelo menos, presenteie-me com o presente
vindo dentro duma caixinha e tal
com uma mensagem visceral
que é pra eu não esquecer nunca mais

porque, também né?, ninguém é de ferro!

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