16 de janeiro de 2011

Humano

Novamente com um ódio descabido cuja razão é desconhecida escrevo - e clamo como se em escala notoriamente grande fosse - sobre aqueles que levam consigo minha admiração, por vezes sem sequer saber desse efeito que parte de mim e que, assim como surge, atinge tão somente a mim.
Minha apatia não permite que seja interessante - ah, mas seria! - saber como podem certos olhos não brilharem à visão longínqua de fogos disparados no entre de um ano e outro - por mais amistosos que os dois possam ser. Também esses dois olhos não focam-se na mais dura ou na mais bela das inertes paisagens, se ambas puderem ser previstas e nem a boca que lhes cabe pede por mais amor do que pode ser escrito.
Ainda assim esses olhos mortos, essa boca fosca, essa alma profana vêm e cantam e falam e sentem o que de outro corpo não se veria. Porque esse corpo desvenda gestos. Esse corpo ouve sofrimentos tão longínquos quanto - mas muito mais interessantes do que - aqueles fogos artificiais que sobem barulhando falsos choros. Essa boca beija e morde e fala com almas muito mais profundas do que seriam quaisquer paisagens gigantescas. Essas mãos tocam rostos e acalmam, batem e acariciam. E a mente que se diz apática, na verdade doi-se de paixão e anseia engolir o que vê quando encontra outra como si. Humana. Viva.

3 comentários: