20 de junho de 2011

Sobre estar em casa

Hoje eu vim de frente pro Sol
e ele sumia no horizonte.
A sombra no inverno é fria
e eu tinha que correr contra a rotação terrestre.

Pois foi o branco do Sol
e foi o branco do céu
que inundaram meus olhos
de todas as cores que o compõem.

Na cegueira, surgiram fortes
olfato, tato, paladar e audição.
Veio ainda mais um sentido
o mais útil: a memória.

É que meus pés desviavam
dos buracos do caminho todo
Minhas mãos sozinhas me rodavam
em volta de cada poste, dançando

Meu corpo cego sabia do atraso
que, calculado, me dava seis minutos
E meu cérebro criou uns versos livres
racionalizando o semanal e sublime.

3 comentários:

  1. Esse texto é sensitivo. Senti tudo que você escreveu!

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  2. "E meu cérebro criou uns versos livres
    racionalizando o semanal e sublime."

    Nada soa mais sincero que isso.

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