7 de outubro de 2011

O dia em que a razão ficou na gaveta

Comecei gesticulando.
Eu pedi por uma confirmação.
"Por favor, não fale nada!"
Joguei no lixo o velho argumento de ganhar discussões.
"Mas você disse que..."
Eu não disse nada.

Comecei gesticulando.
E as mãos, desimpedidas,
vão para onde querem ir.
Não se condena a vontade:
vão para onde devem ir.
E criam o caminho passado.

Comecei gesticulando.
Cada toque era um trecho da trilha,
cada tombo era um triste tormento.
quando tonta, tatuei tua tara,
caí no esquecimento.
Já que a mente não trabalhara.

Comecei gesticulando.
E, na verdade, comecei assim
porque só a razão percebe os erros
e era um caminho todo errado.
A mão só age sem esperar,
mas outra mão a tocou de volta.

Sem gesto nenhum, ele disse "sorry"
e eu, contrária a mim,
querendo e sem-querer,
deixando de lado as frases de filme,
despida de lembrança e motivo,
mas vestida de gestos, só ri.

5 comentários:

  1. E ainda diz que está decadente... rsrsrsrsrs

    Que poema legal!!!!

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  2. e eu, contrária a mim,
    querendo e sem-querer,
    deixando de lado as frases de filme,
    despida de lembrança e motivo,
    mas vestida de gestos, só ri.

    ponto.

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  3. "Comecei gesticulando.
    Cada toque era um trecho da trilha,
    cada tombo era um triste tormento.
    quando tonta, tatuei tua tara,
    caí no esquecimento.
    Já que a mente não trabalhara."

    Biscoito finíssimo.

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