7 de abril de 2012

Lux

Algumas histórias tapam o buraco de eu nem mesmo ser.

Toda manhã acordo em velocidade certa e nas cores certas, bocejo e as orelhas tremelicam internamente, vibram graves, mas só eu consigo ouvir.

Lembro do meu amor contra o verde chroma-key: esta tarde traz aroma urbano e, embora eu o coloque contra o cinza-paulistano, ele nada fará sem ordens da direção. Há que abrir a porta, arrastá-lo pela mão, beijá-lo sem música, deitar-lhe a cabeça nas pernas só porque é bom e nada mais. Regra: destrua os cacos, esmague as improvisações e toda surpresa renegue com a cara cínica e impassível.

E eu sou o bom moço, o policial corrupto, a atriz megalomaníaca, a ingênua que beija, o lunático e sua paixão impossível, as esposas, todos os filhos coadjuvantes, todos os cachorros e todas as cigarras ilustrando a noite.

Os olhos secos de luz, a subjetiva e, parabéns, você ganhou uma vida! Pura adrenalina e, sem exageros, afirmo que até mesmo a oxitocina se manifesta.

Mas então, se enfia as mãos nos bolsos, há os trocados necessários para uma passagem de ônibus e se tem certeza do lugar aonde vai, o itinerário, o horário e o calendário (as incertezas meteu no outro bolso). É uma das características da luz entregar seu provedor e dessa vez ele é violento: dispara contra os olhos de pupilas dilatadas de casa, enfiando-lhes canal abaixo claridade de puro sol.

2 comentários: