21 de abril de 2012

Maria e a canção

Quando escapava a voz-menina da boca-maria, sussurrava juntinho a mocidade, convocando os apreciadores de delicadezas. O fiozinho de voz, feito fiozinho de água, corria, embora as pedras se pusessem no caminho. Escorria e vazava por onde queria ir: era forte. Era forte e, por isso, acabemos aqui a metáfora desse riachinho, que parou numa depressão e virou pocinha, e sigamos em frente com Maria que inundou um povo, matou a sede duns corações e regou uma arvorezinha pitangueira.

Maria não continha obra e nem dizia história mundial, era pequena e tinha um sorriso legal. O que dizia (e eu riria) era tão só de Maria, tão pequeno, tão indivíduo qu'eu riria, se eu não amasse Maria.
Mas era tanta despretensão, tanto coração, tanta canção (tinha, sim, a mão de "João") que Maria criou uma nova conexão: quando era sobre si que Maria escrevia, por humana interrelação, escrevia toda a multidão.

6 comentários:

  1. eu já disse que vc é foda?

    adorei.

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  2. muito bonito, Mari. Gostei desse: "Por humana interrelação, escrevia toda a multidão". Parabéns, ficou bem bom.

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  3. Que lindo, Mari! Achei lindo, especialmente a parte final! :)

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  4. adoro delicadezas!!

    *pode divulgar o texto sim, Mari, sem problemas.
    que bom que te serviu =)

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  5. Que lindo Má!!! Adorei, parabéns pelo seu Blog!

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