28 de dezembro de 2010

Sentimento sintético

O homem tolo me disse "eu te amo!"
através das palavras escapadas da sua cara de drama
como se houvesse noticiado algo espantador.
De toda a situação eu ri, sem sorrir.
Ri do que traziam, as palavras, na mão.
O homem tolo me disse "eu te amo... mais que tudo."
como se diria naquelas infames novelas
que ele deve assistir nas suas tardes patéticas
sentado no seu sofá patético com um sorriso na cara
de quem não conhece a tristeza, que se deve aos que pensam.
O homem tolopatético de sentimento sintético,
ele disse "eu te amo mais que tudo no mundo inteiro."
ah, mas que tolo é este que consegue
aumentar a frase e diminuir o amor?
Ri diminuindo-o aos meus pés; que bobagem
ele sempre esteve lá, então
virou menino, menino tolopatético de sentimento sintético
E disse "eu te amo mais que tudo e me ponho aos seus pés"
Menino tolo... tolotelepático de sentimento estático
que me faz agora doer o braço e a caneta pedir pra parar
Foi esse meninohomem que gritou "Eu te amo."
E não há nada que se possa fazer. "Nada."
Não há para onde fugir. "Eu iria atrás."
Não há como esconder... "O quê?"
Que o menino tolopatético telepático me fez escrever pra ele
mais uma vez.

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