28 de dezembro de 2010

Carta aos escritores

Pensadores,

vós que não estais neste mundo por acaso e nem compartilhais deste ar que eu inalo por motivos puramente biológicos. Vós que tendes sempre a preocupação de ocupar folhas e folhas com explicações lógicas - ou não -, belas - ou não -, mas sempre - sempre! - explicações impressivas sobre a vida ao vosso redor. Vós que dedicais momentos de vosso tempo a fim de ornamentar a vida com vossas palavras - e as palavras com a vida - de modo que tudo pareça mais bonito, mais triste, mais real ou que simplesmente torne-se outra coisa. E que continueis exercendo esse trabalho de tal forma que esses breves momentos de comunicação possam ser inteiramente aproveitados e deles extraído o máximo possível.
Depois de tal explicação sobre minha impressão sobre vosso - e por que não 'nosso'? - trabalho, peço-vos somente uma coisa, dessa vez como leitora. Peço-vos que toda vez que um elogio vos for dirigido, que este seja imediatamente direcionado às vossas pessoas como escritor, quanto à obra que se foi lida, e não às vossas pessoas como vossas pessoas. Não sei se fui clara o necessário, mas o apelo aqui vos feito é quanto ao ato de aumentar-se em relação à sua própria obra. Peço-vos que estejam sempre no mesmo - ou abaixo, no máximo - do nível daquilo que mostrais pensar, isso porque, caso contrário, vós pareceis incompetentes ou pior: mostrais aos leitores o quão incompetentes vós achais que eles são. Talvez nesse colocar-se acima da obra e dos leitores esteja o fiasco dos livros didáticos. Por fim, que fique claro que minha queixa não é mais do que uma súplica, já que não o pode ser.

Sinceramente,
da leitora (escritora), Mari.

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