7 de maio de 2012

Destruição divina

O pecado em mim é bruto
Atinge-me nas partes não libertas
se munindo dos meus preconceitos
e fingindo-lhes justificativas

Me julga e me rotula
Me cinge e me modula

Cria um Deus ao lado da orelha direita
que observa-me movimentar atuando
espreitando todos os mínimos pensamentos
(e por isso é fictício e por isso sou eu)
Quase em silêncio, brande a mão armada
e espera em julgamento.
Espera o mundo dar uma volta inteira
pra alma querer se ferir novamente.

E só há uma guerra tão injusta
quanto a que se trava com um ser superior e criador
é a guerra que se trava
em escondidos campos de batalha
que não tira sangue, mas dói fundo
que não tem general que pare
a guerra em partículas
Guerra cuja espada que atravessa o guerreiro
atravessa junto seu inimigo
(porque são um só e por isso sou eu)
a destruidora e incomparável
guerra consigo mesmo.

2 comentários:

  1. e é incrível como conseguimos perder...

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    1. É que a gente mesmo, quando quer se machucar, sabe exatamente onde socar.

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