17 de maio de 2010

Metáforas rosas

As rosas da minha rua têm crescido tão belas - notei. Tão fora de estação, na cidade tão cinza e grande, de paredes brutas. E uma jovem paulistana de apartamento estranha contato tão extremo com essas pétalas delicadas que insistem em cair pelo jardim. Essas rosas ousadas!
Queria qualquer dia passear só pra vê-las, mas tudo anda num ritmo alucinado de quem vive pra amanhã. E as rosas continuam lá me esperando. E vão despetalando-se enquanto tornam-se só mais uma cena de cotidiano.
Estou dizendo isso tudo porque hoje tomei uma iniciativa. Hoje peguei uma das rosas do jardim e senti alguma coisa diferente. Senti como se nada no mundo pudesse me trazer a essência de volta como uma rosa faz. Senti todo o romance de todos os amantes que presentearam os seus com uma rosa e senti naquele vermelho toda a paixão do meu corpo esvair-se e a rosa tornar-se mais vermelha ainda. Vermelho-viva. Passei a amar a rosa. Guardei a rosa. E a rosa me guarda também. Porque entre toda aquela paixão ardente, acho que deixei um pedacinho de mim com ela.


Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam (Cartola)

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