4 de maio de 2010

Psico delicadamente (Todos os motivos V)

-Eu ando segurando minhas respostas perto de você...
-Porquê?
-Dá medo de as palavras me denunciarem, sabe? Às vezes elas saem da alma e vão voando, sozinhas pros seus ouvidos.
-Eu gosto delas aqui.
-Eu até gostaria delas aí, mas sabe como é, né?
-Não sei. Como é?
-Se elas me denunciarem, eu posso dizer coisas que te assustariam. E muito.
-Duvido. Adoro te ouvir falar e falar, cada vez se afundando mais em besteiras e nas suas filosofias bobas.
-Mas com você é diferente... eu não só falo. Eu falo mais do que deveria. Falo mais do que eu sei que saberia falar. Falo mais do que sinto, até. Seus olhos... calma, não sei se são os olhos, a voz, seu jeito de mexer no cabelo... não sei, não, mas alguma coisa em você é como uma chave que me abre inteira e me faz ficar assim, verborrágica.
-Você não fala mais do que sente.
-Falo, sim. Até solto uns 'eu te amo' no meio dos discursos.
-Você me ama.
-Minha mente é estranha. As coisas ficam rodando aqui psicodelicamente...
-Conheço tua mente. Tuas palavras denunciam. Te amo também.

"Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer" (Rodrigo Amarante)

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