20 de novembro de 2010

É suspiro

O abraço dele é suspiro. Vem de manso e, numa parábola, seu ápice me inclui também. Esse mesmo abraço ondula. Seu rosto acaricia o meu algumas vezes, e algumas vezes inspiramos e expiramos, antes de me deixar ir. Seus braços contrariam seu nome e são quase leito. Às vezes quero agarrá-los e beijá-los subindo aos ombros. Quero seu cheiro sejá lá qual for. Seu abraço quer dizer tudo o que ele sente em alguns segundos. O significado mais profundo é daquilo o que ele tem em frente. Em mente. Ele é tão momento. Ironicamente, ele tem os tempos entre os dedos. Ele faz o que quiser. Em cima de uma caixa, de um livro, no chão. Ele tem todas as dimensões. E isso tudo ele me conta, quando seus braços envolvem minha cintura e sorrimos juntos. Conto a ele uma outra porção de coisas. Nosso abraço é nossa média.
Ele me solta e eu já sou outra. Meus braços tendem a escorrer levemente pelos dele, na tentativa infantil de permanecer, mas já é tarde. Meu corpo deseja guardar aquilo que, de todas as formas, lhe faz tão bem. Não consegue. Seus olhos ditam a hora de ir. Seus olhos vêm o mundo inteiro e o momento é todomundo. Em outra situação, quem sabe. No contratempo da vida nos encontraremos. Numa terra branca, sua mente e a minha, seu corpo e o meu, viveremos sem os pudores que o mundo nos enfia pela goela. Numa terra branca de nome imaginação. Mas tem tanto lá fora. Tem tanto amor. Tanta informação. Tanta gente. Tanta vida que meus braços são pequenos. Ainda assim, o abraço e transmito nada, fingindo ser muito só pra prendê-lo aqui.

Triste, triste suspiro...

Noutro plano,
te devoraria
tal Caetano
a Leonardo di Caprio[Djavan]

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