14 de julho de 2012

Velhas palavras

Os cantos já amarelavam,
a datilografia à tinta vermelha-preta não
(que mentira, foi logo agora,
pouco tempo pr'essa falta de noção)

Danem-se os muitos assuntos,
eu quero o escritor
dos grandiosos versos e sentimentos
dos tormentos, mas do amor

Irregulares estrofes febris
brasis, sobre estes Brasis
bravas incrédulas putas
intuitivas estrofes senis

(Revelo o segredo da poesia:)
desfechos épico-adocicados
finais felizes mesmo, mas
porque apesar. Apesar do passado.

Quem diria que escreveria?
Quem diria que eu leria?
E lembraria agora, quem diria?
Ninguém dizia: era melhor escrever.

Lidos de acordo com o tempo, se vê
que as palavras vão sendo cortadas:
têm medo de querer dizer.
têm medo, mas medo de quê?

Te silenciou quem não te ouviu.
Quem foi? A Rita, a vida ou o coração
que, além de tudo, te deixou mudo
um violão?

3 comentários:

  1. Adoro esses teus poemas inspirados em canções, em filmes. Esse está ótimo, como sempre! :)

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  2. Ah, eu sou suspeito pq adoro a Rita que deixou mudo um violão, mas como sempre seu jogo de palavras lembra a poesia concreta, mesmo que seus poemas não possam ser classificados de tal forma. Gostei.

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  3. quem diria? você com certeza diria, como já disse, todas as coisas ditas ai.

    *.*.

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