3 de maio de 2010

Amado

Que insano que soa lhe fazer esse pedido; mas volte. Quero que volte. Chega de choro, da falta do seu colo, chega de indignação e culpa. Volte porque tudo por aqui clama sua volta.
Os fios de cabelo que encontro pela casa lhe(me) dão esses sinais. Eles pedem que volte. Os seus livros viraram só-papel e os cômodos todos parecem muito grandiosos pra mim. O cachorro ainda late toda vez que ouve uma buzina e espera com a coleira na boca por você. O vizinho que só implicava contigo não vem mais bater à nossa porta, não tem mais do que reclamar, e as cordas da guitarra que você comprou com tanto carinho estão cada vez mais enferrujadas e desafinadas. Às vezes ainda ouço um dedilhado delicado da nossa música, e corro pra sala na esperança de te ver. Doi ver a guitarra. Doi mais ainda não ver nada. Doi não ter com quem gritar, com quem brigar por você ter ido. Doi não ter nada que machuque. Doi ser isso. Doi o nada que é estar sem você.
Doi ouvir suas risadas ainda ecoando em cada canto desse apartamento. Suas fotos doem. Mas doem de uma forma boa. Doem de saudade. Saudade é bom sentimento. Falta, não. Falta não é saudade. Saudade é lembrar de momentos bons, de coisas que já passaram, mas que foram tão boas que valeria a pena viver de novo. Falta é pior. Falta é saber que agora eu poderia estar com você. Falta não é sentir que se fez o que se pôde pra ser feliz, falta é desperdiçar momentos nossos, sozinha.
E envolta em toda essa angústia é que te peço que volte, ou me busque e eu irei com você. Mesmo que nos sonhos. Mesmo que você não exista mais. Volte pra me buscar.

PS.: Bruce está pedindo que eu largue o papel e leve-o pra passear. Não se esqueça que te amo. Beijos.

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"Estou entregue a ponto de estar sempre só,
esperando um sim ou nunca mais." (Vanessa da Mata)

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