27 de outubro de 2010

Fora-de-si

Eu gosto de quem eu conheço fora-de-si. Eu gosto de quem grita, mesmo com decibéis mínimos.
Gosto de quem gosta, de quem quer, de quem exclama. São os indignados que me assustam, que me tentam, são quem quero. Me apaixono pelas exceções, pelos condoídos, pelos sozinhos e pelos loucos. Me apaixono como quem põe uma bandeira num estandarte dizendo 'eis aqui um problema!' e, sabe, não estou disposta a resolvê-lo. Estou disposta a deglutí-lo; devorar vorazmente cada parte problemática e fascinante da sua inteligência que eu admiro. Cada esquininha da mente, cada memória... E quando se vai o pensamento de primeiro instante, quando se vai a impressão e fica a tinta, cravada e pintada até borrar no papel-coração, significa que sobraram mistérios e olhares, sobrou admiração. Mesmo que o amado volte a si novamente, já o decifrei e ele vem sempre com novos problemas. Fica dentro-de-mim quem tem um pézinho sempre fora-de-si.

4 comentários:

  1. Porque até mesmo a gente tem um pézinho sempre fora de nós mesmos. :)

    Beijo!

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  2. já assistiu brilho eterno de uma mente sem lembranças??

    ok, ok, nada a ver com o post mas enfim, o filme continua sendo bom mesmo assim.. rsrs

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  3. não vejo por que não relacionar o filme com o texto, Nilo.

    é um filme maravilhoso, de fato. :D

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  4. Não vejo como, tendo insistido na tua intuição que não acreditas, deixar de ficar dentro estando fora. Mas eu desistiria da intuição, se tu me pedisses lá para ficar.

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