25 de abril de 2010

Envelhecer

De repente todos aqueles discos tornaram-se pomposos demais e as páginas amarelas dos meus livros preferidos ficaram cada vez mais amarelas. O que era estático passou a ser contínuo e o passado correu cada vez mais rápido, mais perto.
Amei todos os velhos amores e vi todas as cenas repetirem-se fielmente diante dos meus olhos. As flores e os sorrisos que outrora pareceram num tom de sépia inalcançável, agora tinham cor de realidade. Todas as histórias que soavam esquecidas, reinventadas e recontadas (com re-sorrisos) agora eu sentia na pele. Sentia na pele aquele gosto, aquele toque de filme em preto-e-branco, de memórias de família, de copa-de-setenta, de tudo o que eu não vivi, mas que eles viveram por mim.


"[...]Apesar de termos feito
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais." (Belchior)

2 comentários:

  1. Adorei esse poema. Você passou bem a sensação do que é envelhecer, mas não de uma forma óbvia.

    Beijo!

    ResponderExcluir