21 de abril de 2010

Sozinho

A gente tem medo de ficar sozinho. A gente tem medo porque sozinho não há parâmetro. Sozinho pode-se enlouquecer e nem notar. Ficar sozinho é perder-se, é um mar de branco, é infinito branco, é não ter apoio. Ficar sozinho é ficar sem base. Ficar sozinho é ter de conviver toda vez com as mesmas opiniões, com os mesmos pensamentos e não ter os dos outros pra se suprir de fontes. Ficar sozinho é não amadurecer. Ficar sozinho é não envelhecer.
Ficar sozinho é não saber se tempo é tempo, porque tempo é convenção e, portanto, poder sentir que em um segundo passou-se sua vida. Ficar sozinho é ser livre, mas não ter com quem usar de sua liberdade, o que a torna sem sentido. Ficar sozinho é ser livre. É ser livre, mas ser preso na sua própria cabeça. Quem é sozinho não precisa de mais nada. É por isso que temos medo de ficar sozinhos. Quem fica sozinho, vive somente dentro da sua própria cabeça. Quem fica sozinho não pensa, seus pensamentos são fato, afinal só eles existem. Quem fica sozinho não é, somos o que o mundo ao redor nos define. Quem fica sozinho não ama e não quer. Porque há de se ter um objeto pro verbo amar. Mas quem ama não quer só amar. Quem ama não quer se amar. Quem ama quer amar o diferente, que o completa. Quem ama, não é inteiro até que haja o objeto amado pra o completar.
A gente tem medo de ficar sozinho porque a gente tem medo de ser incompleto.

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